30.1.06


HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill




ó samirra galifona

eu sei que não são de veneza

mas até que vais concordar

são uma verdadeira beleza

depois de muita conversa

chegamos à conclusão

que não temos os mesmos gostos

em materia de coração

mas no que toca ao Gael

estamos em sintonia

ainda bem que está longe

se não uma das duas morria

eheheheheheheheheheheheh!

29.1.06

De Frente



Se quiser tentar
Descobrir quem eu sou
Passe lentamente sua lente
Pela luz dos meus olhos
Que é de frente
Que você vai me entender
Mas se for tentar
Resistir à tentação
Desviar do meu raio de visão
Feche os olhos
E no sonho vou estar
E se ao fim tentar
Confirmar a impressão
Não é fácil dizer
O que está pra nascer
E o que está pra morrer
Ao se entregar
A um olhar
De mulher

Chido Pinheiro e Chico Wisnik
Canta Maria Rita


O dia de ontem na aldeia.
Muito frio mas um sol que aquecia, quando aparecia. Sempre deu para fazer uma caminhada pelo Vale Carvalho, ao longo da Ribeira d'Ilhas.


O dia de hoje na aldeia.
Muito frio e a nevar, sempre deu para ir à janela espreitar.
É um espectáculo muito bonito, só é pena o frio.


28.1.06


Tenho saudades tuas!
Todos os dias, todas as horas
No silêncio pergunto:
Será que ainda demoras?
Tenho saudades tuas!
Do calor da tua mão
Das rugas da tua cara
A mais pura perfeição
Tenho saudades tuas!
Do amor a transbordar
Do teu sorriso aberto
Não te cansavas de o dar
Tenho saudades tuas!
Das histórias de pasmar
Das enormes gargalhadas
Do teu jeito de dançar
Tenho saudades tuas!
Da nossa cumplicidade
e do teu ar tão modesto
Cheio de simplicidade
Tenho saudades tuas!
Do teu ralhar de mansinho
e das fitas que fazias
P'ra eu te dar um beijinho
Tenho saudades tuas!
E não quero acreditar
Que já não estás aqui
Já não vejo o teu olhar
Tenho saudades tuas!
Nunca vou deixar de ter
serás sempre a mais bonita
Nunca te irei esquecer
Tenho saudades tuas...
Helena Vitória




O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai...
O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai...
Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz...
O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai...
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa, ai...
Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz
O meu amor...

Chico Buarque

27.1.06



Apetece-me escrever

Mas o quê?

O lápis está na mão

A outra segura a cabeça

Não vá ela cair ao chão.

Penso e repenso

Não chego a um consenso

Falta-me a letra, que faça a palavra

Falta-me a linha, que atravesse a estrada

Sobra-me o tempo de não fazer nada

Apetece-me escrever

Mas o quê?

Helena Vitória

25.1.06


Meus amigos sou de vidro
Sou de vidro escurecido
Encubro a luz que me habita
Não por ser feia ou bonita
Mas por ter assim nascido
Sou de vidro escurecido
Mas por ter assim nascido
Não me atinjam não me toquem
Meus amigos sou de vidro

Sou de vidro escurecido
Tenho fumo por vestido
E um cinto de escuridão
Mas trago a transparência
Envolvida no que digo
Meus amigos sou de vidro
Por isso não me maltratem
Não me quebrem não me partam
Sou de vidro escurecido

Tenho fumo por vestido
Mas por assim ter nascido
Não por ser feia ou bonita
Envolvida no que digo
Encubro a luz que me habita

Lídia Jorge

VôoAlheias e nossas as palavrasvoam.
Bando de borboletas multicores,as palavras voam
Bando azul de andorinhas, bando de gaivotas brancas,
as palavras voam.
Viam as palavras como águias imensas.
Como escuros morcegos como negros abutres,
as palavras voam.
Oh! alto e baixo em círculos e retas acima de nós,
em redor de nós aspalavras voam.
E às vezes pousam.

Cecília Meireles

LUA ADVERSA

Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles

Se há coisas de que eu tenho pena, esta é uma delas. Tenho pena que tenha havido uma senhora a escrever este poema antes de mim... não o escrevi, mas podia ter escrito, mas como poema que se preze é de quem o quiser, este é meu. Assumo o plágio de sentimento...

23.1.06


O sono é uma asa
que não serve para voar,
é o passaro da noite
que nos ajuda a sonhar
com os bichos desenhados
na toalha do luar.

Jose Jorge Letria

22.1.06

Relógio de tudo um pouco


Guardo em mim doce criança
Que teima jamais morrer
É a luz que me dá esperança
Quando olvido de viver

Doce criança em mim
Fazes diferença nos outros
És a flor do meu jardim
Jardim que murcha aos poucos

Sei que velas o meu sono
És heroina invencivel
Doce criança no trono
Comigo tudo é possivel

Helena Vitória
De olhos vendados por teias que teces
Os toques calados soam a preces...
Um corpo alado no leito padece
O desejo divino, não tarda, já desce...

Helena Vitória


Carrocel que roda, carrocel que anda
Entrem ao toque de uma demanda
Não faz paragens, quer peças ou não
Desperta sentidos com uma canção
E enquanto roda, insiste e gira
Por mais que lhe peças, ele não vira
Enquanto andaste o mundo parou
Passando um esponja pelo que ficou
Segura-te bem, para não cair
Se o lugar é perfeito, não queiras sair
E se a campainha teima em tocar
Quem sabe se é hora de acordar.

Helena Vitória

21.1.06

O SOL BRILHA! A RELVA É VERDE!

20.1.06

Olá carissimos amigos e amigas ou quem quer que vá ler alguma coisa do que eu vou escrever...