a vida é uma coisa redonda que cai dos nossos olhos todas as manhãs cai e fica a pular no chão até lhe darmos um pontapé então abre a boca e morde-nos os sapatos a vida custa o preço de umas meias solas se fosse cúbica podíamos sentar-nos nela e ficar a ver o passar do tempo o crescer das searas o amamentar das crianças a galadela das aves o vento de nordeste o avançarda noite
a vida é uma esfera de aço sem forma definida onde se espelham as lagoas que nos correm para o colo até coaxarmos rola sobre nós abrindo sulcos por onde descem as nossas lágrimas até aos pés que ela lambe.
quando a vida se vira e olha para trás transfor- mamo-nos em sal e apedrejamos os caminhantes
Henrique Ruivo |
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